Remy Martins
4 min readDec 14, 2024

𝐅𝐂 𝐏𝐨𝐫𝐭𝐨 𝐯𝐬 𝐌𝐢𝐝𝐭𝐣𝐲𝐥𝐥𝐚𝐧𝐝 – De serviços mínimos.

Vitória de “serviços mínimos” que enalteceu alguma falta de atrevimento para minimizar a intermitência de melhorias permitidas, maioritariamente, só pela eleição dos jogadores em si.

Sobre melhorias colectivas : houve um padrão semiótico que se destacou mais do que outros : a vontade de conformar triângulos nos corredores laterais, mais especificamente pela esquerda através da liberdade / mobilidade concedida ao Pepê e Namaso. Entorno dinâmico e pertinente (posicionalmente) para tornar factível a nossa vontade em encontrar as costas de quem pressiona (zonas intermediárias).

Se falarmos em posições, a interação entre lateral, ala e interior (pela situação posicional onde se encontram) oferece outra capacidade criativa ao possuidor. Lograr quebrar a simetria contrária fica mais provável nesse cenário.

Dum lado, aumenta as suas possibilidades de ocultar a intenção pela variabilidade de opção (com triângulos haverá sempre duas e para que sejam viáveis, cada lado do triângulo conformado não deve ser paralelo às linhas laterais).

Do outro, permite usufruir do comportamento de quem está por perto quer na distração para gerar espaços (foco de atração) quer na astúcia de quem usa o contra movimento no âmbito de ser o futuro possuidor.

Galeno, Pepê e Namaso proporcionaram, nesse sentido, espaços de fase bastante interessantes mas demasiado intermitentes e onde houve várias decisões erráticas (sobretudo do Pepê) por culpa da precipitação.

Geramos contextos atrativos para os adversários para lograr que caiam na precipitação de intervenção e potenciam, desse modo, o hipotético alcance dos nossos objetivos.

Pena que não se capitaliza sobre a conformação de triângulos em cada fase como base para o desenvolvimento gradual do nosso jogo. Também têm as suas mais valias na hora da perda porque permite suporte estrutural : haverá sempre alguém por trás da linha da bola.

Outro aspeto que peca pela escassez de aparecimento é o aproveitamento de situações de 3o homem que possa encarar o jogo de frente depois da primeira linha de pressão contrária ter sido superada.

Temos centrais com bons pés, capazes de procurar o apoio distante (de cara), superando a primeira linha de pressão e ativando um jogador cuja postura e comportamento reivindicam a bola a fim de ser quem habilita o 3o homem ao primeiro toque, permitindo vantagem situacional.

Implica rotinas e hábitos operacionais, mobilidade e distração que facilitam o desmarque para quem a vai receber e não para quem a possui. Auxílio tremendo para a saída desde trás e que induz que não se menospreze qualquer corredor do campo.

Conceito bastante disruptivo no processo ofensivo porque torna factível sistematicamente uma desarticulação do lado contrário e uma situação vantajosa não só situacional como também posicional e dinâmica para quem acaba por ser possuidor.

A nível individual, há quem subverte qualquer lógica em momentos que não se caracterizam, a priori, como favoráveis.

É a autonomia do pé e da mente para resolver e descobrir caminhos auxiliares onde a maioria só vê um beco sem saída.

O talento do Fábio só vem enaltecer que para poder acelerar, há que saber travar também e que é precisamente quando o faz que aparecem as soluções que os velocistas costumam aniquilar.

A incidência é filha da imaginação e da habilidade em executar consoante o que exige a mente.

Contudo, há debilidades na saída desde trás que parecem ser endémicas, perante intenções não propriamente impeditivas (eufemismo) por parte dos dinamarqueses.

Caímos, fatalmente, na armadilha da lateralização excessiva que minimiza as possibilidades de saída e facilita a pressão contrária.

Quase nunca se consegue usufruir do foco de atração que representa o duplo pivô (em 3+2) para ampliar o espaço nas costas de quem salta em pressão nele.

Não parece haver suporte de hábitos operacionais que permitam variar estruturas e evidenciam suporte colectivo. A tomada de decisão parece ser determinada, várias vezes, pela improvisação em vez do planeado e proporcionado através duma estratégia operativa específica consoante a forma de pressionar dos rivais.

Obrigado pela leitura.

Remy Martins
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Written by Remy Martins

Futebol, paixão pelo jogo e pela forma de o jogar. « Le football doit être plus que seulement gagner »

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